O Universo analisou Titanfall 2
O primeiro Titanfall (2014) introduziu um conjunto de conceitos diferentes em um mundo dominado por shooters que ousavam pouco e procuravam manter suas receitas de sucesso.
A própria ideia de mudar toda a estratégia do campo de batalha ao dar aos jogadores a possibilidade de usar Titans trouxe ao game toda uma série de possibilidades que ainda não tinham sido experimentadas em nenhum outro jogo do gênero.
O game contava com um modo multiplayer robusto e intenso com um sistema de upgrade de armas e habilidades interessante que faziam de Titanfall uma febre que durou tempo suficiente até que muitos jogadores passaram a perceber que não havia mais nada a ser feito.
A falta de um modo campanha foi uma das maiores reclamações dos jogadores na época. Destruir os pilotos inimigos e seus poderosos Titãs já não era mais o suficiente. Mesmo após a adição de novos mapas adicionados pelas 3 expansões, Titanfall deixou de ser uma febre e logo até os mais fervorosos jogadores do game voltaram, aos poucos, aos shooters “convencionais”.
Avaliando todos os erros do primeiro jogo e incluindo o tão desejado modo campanha, a Respawn Entertainment apostou tudo para resgatar os jogadores e fazer de Titanfall 2 um dos melhores shooters do ano. O Universo analisou esse blockbuster e o resultado dessa experiência você confere agora.
A Campanha
Antes de analisarmos a campanha, assista a introdução espetacular:
Essa introdução consegue demostrar bem qual é a proposta da campanha do jogo. Uma estreita relação entre os Pilotos, verdadeiras máquinas de guerra especializadas e seus poderosos Titans envolvidos em uma história baseada na guerra intensa entre duas conhecidas facções, a IMC (Interstellar Manufacturing Corporation) e a Militia, que colocam a vida de centenas de soldados em risco em prol de seus objetivos.
É nesse contexto que encontramos Jack Cooper, o protagonista da história é um atirador da Militia que aspira a um dia tornar-se um Piloto. O treinamento de Cooper é interrompido quando um ataque da IMC ao planeta Typhon começa.
É aqui que conhecemos Blisk, o líder de um esquadrão de mercenários extremamente perigosos, formado por ex guerrilheiros. Durante a batalha Cooper, ferido em combate, assiste seu treinador, o Capitão Lastimosa ser mortalmente ferido.
Mesmo ferido Lastimosa salva seu aluno e transfere para ele a autorização para pilotar eu Titã da classe Vanguard chamado de BT-7274. Cooper agora precisa terminar a missão que havia sido dada a Lastimosa e para isso contará com a ajuda de seu mais novo amigo gigante.
Durante a história, o jogador tem a possibilidade de escolher algumas opções de diálogo com o Titã. A forma como essa relação se forma é uma das grandes sacadas da campanha. Cooper pode ser completamente babaca e o Titã responderá à altura ou os dois podem traçar um diálogo mais civilizado estreitando ainda mais a relação de amizade entre eles. Nenhuma dessas opções vai influenciar na história, qualquer que seja o diálogo escolhido.
Para quem jogou o primeiro Titanfall, onde as relações entre Pilotos e Titãs não eram tão exploradas, e os robôs gigantes eram meramente armas para serem usadas e descartadas, vai conhecer muitas coisas bacanas que nosso amigo pode fazer. Isso dá um tempero todo especial à história.
A campanha de Titanfall 2 é curta e moderadamente difícil. Para quem esperava por uma campanha robusta cheia de reviravoltas e um monte de escolhas a fazer pode se decepcionar. Mas apesar de curta a campanha está longe de ser ruim. Muito pelo contrário. A história, apesar de não trazer nada de revolucionário, é intensa e vai direto ao ponto, sem enrolações. Definitivamente não fica devendo nada a nenhuma campanha dos tarimbados “medalhões” do gênero. A guerra é intensa e a partir de determinado momento da história, a relação entre Cooper e o BT-7274 se intensifica e a sinergia entre eles fica espetacular.
Outro ponto a se destacar na campanha é a luta contra os “chefões”. Cada um deles possui claro, seu próprio Titã mas cada um de uma categoria diferente. Portanto cada luta precisa de uma estratégia diferente. Por exemplo, usar o BT-7274 como um Scorch pode ser inviável contra Viper e seu Titã de classe Northstar. Não que seja impossível vencer qualquer boss com qualquer classe mas as coisas ficam bem mais fáceis quando conhecemos as características de cada classe diferente de Titã e suas habilidades únicas.
Falando em classes diferentes, conforme a campanha avança, novas armas podem ser adquiridas para eu amiguinho Titã. Cada nova arma representa uma nova classe que é liberada. Durante a campanha portanto, o jogador vai jogar com todos as classes diferentes de Titãs, podendo escolher livremente entre elas a qualquer momento.
Mas o Piloto também não foi esquecido. Existe uma grande variedade de armas para Cooper. Rifles de assalto, escopetas, metralhadoras, lançadores de granadas, granadas e pistolas. Obviamente não entrarei em detalhes da história para não correr o risco de dar spoilers, mas posso dizer que a famosa pistola Smart faz uma aparição especial na campanha.
Posso afirmar para vocês com toda certeza que, em termos de campanha, Titanfall 2 tirou nota 9.8/10. Por isso, antes de torcerem o nariz para a “campanha curta”, recomendo fortemente que joguem. Se houver por acaso no futuro, uma campanha em um possível terceiro jogo da franquia, eu fico tranquilo. Aqui a estréia do modo single player começou com o pé direito.
Gráficos
Outro ponto a se destacar em Titanfall 2 são os gráficos que estão realmente lindos. Além dos enormes cenários do planeta Typhon que contrastam com ambientes fechados em naves destruídas e instalações militares, a quantidade de detalhes nas roupas e capacetes dos personagens, nos Titãs e até nas diferentes armas é algo digno de nota. Iluminação, reflexos, partículas, poeira, explosões e outros detalhes durante os combates são sensacionais. Não revolucionam e talvez nem sejam os gráficos mais perfeitos da atual geração até agora, mas a qualidade gráfica realmente salta aos olhos.
Jogabilidade
A jogabilidade padrão, apesar de seguir a fórmula do primeiro Titanfall, trás algumas mudanças perceptíveis. O ritmo parece estar mais rápido que no game anterior e a inclusão de novas habilidades tanto para os Titãs quanto para os pilotos deu uma característica mais ofensiva ao jogo.
Agora não é mais possível se “esconder” com a habilidade de ficar parcialmente invisível para esperar a hora certa de pegar um inimigo desprevenido já que na equipe adversária pode ter jogadores que tem a habilidade de revelar sua posição aos companheiros dele, por exemplo.
Pulos duplos e corridas na parede continuam lá mas agora foi adicionado uma habilidade que muda bastante as características de mobilidade pelo cenário. Um ganho no estilo arpéu do Batman que pode ser usado tanto para alcançar pontos estratégicos dos cenários quanto de forma ofensiva, já que ele também serve para escalar Titãs e “pescar” inimigos e executá-los.
Lembra das cartas de habilidade que podíamos escolher antes do início de cada combate? Pois é. Não existem mais e aquele esquema de cumprir algumas “tarefas” para ganhar mais XP ficou um pouco mais confuso. Antes esses pré requisitos podiam ser acessados em um menu mais intuitivo. Era mais fácil verificar, por exemplo, quantos Titãs o jogador ainda precisava destruir realizando “rodeio”.
Aliás o rodeio também mudou. Não é “montando” em um Titã e encher o topo do bicho de bala que vai fazê-lo explodir em pedaços. A coisa agora ficou um pouco mais complicada. Ao realizar o rodeio, o Piloto retira do Titã uma cápsula de energia que faz a “vida” do Titã diminuir. Será necessário outro rodeio para o Piloto conseguir jogar uma granada no lugar onde se encontrava a cápsula para detona-lo ainda mais. Se a vida do Titã estiver curta isso será o suficiente para destruí-lo. Outra coisa, a cápsula roubada pode ser usada para “consertar” Titãs aliados. Como eu disse, isso tudo deixou a coisa toda mais ofensiva, porém mais tática também.
Execuções. Outro fator que mudou um pouco do último game para esse. Agora é possível realizar execuções diferentes desabilitando-as conforme seu nível de experiência aumenta. É espetacular executar um inimigo com a própria pistola dele ou com uma sequencia de pancadas bem dadas mas executar um Titã inimigo derretendo sua carcaça ou enfiando a espada no meio do peito dele não tem preço.
Multiplayer
Ah! A cereja do bolo. O modo nativo de Titanfall volta em toda sua glória. Só que não. Pois é amigos, como apontei anteriormente em Titanfall 2 tudo ficou mais rápido, tático e ofensivo. Isso é ótimo, já que todo mundo precisa partir pra briga se quiser somar pontos e vencer a partida.
São inúmeras possibilidades para traçar uma tática para encurralar o time inimigo. Além de mais armamento, mais Titãs e mais habilidades, existem ainda muitas opções de personalização. A opção de personalizar o Titã então ficou sensacional. Tudo pode ser personalizado, inclusive as armas. As skins de personalização são liberadas a medida que o jogador aumenta o nível de experiência de seu piloto e seus Titãs.
Titanfall 2 traz novos modos e o matchmaking funciona muito bem. Achar as partidas não é nenhum problema mas, no principal modo do game, ele peca por um simples detalhe: Balanceamento. O primeiro Titanfall parecia ser mais equilibrado. Mesmo em níveis de experiência inferiores, o jogador conseguia se virar.
Com bolsas explosivas e uma pistolinha Smart qualquer um conseguia uns pontinhos para ajudar a equipe. Agora a coisa apertou e para ter chances você vai precisar jogar muito, mas muito mesmo para subir níveis e desbloquear novas armas e habilidades. Não que isso não acontecesse no primeiro game, mas lá a coisa era menos cruel.
Aqui o jogador vai cansar de ver a mensagem de derrota na tela. Principalmente se você, um pequeno gafanhoto de nível 5, lutar contra uma equipe que tem 3 ou 4 caras nível 40 da geração 2.
A briga é feia e desonesta. Os caras tem uma gama de armas que os fazem ter uma vantagem tática monstruosa. Escudos para o Piloto, Pulgões (uma espécie de robozinho perseguidor chato que explode o inimigo), granadas variadas e habilidades do tipo “vi e matei” que fazem o nosso controle quase voar na parede. Sem contar os Titãs que são praticamente esfarelados em um combate contra 3 ou 4 Titãs inimigos (já que jogadores de níveis mais avançados matam indiscriminadamente sem parar e podem chamar seus Titãs toda hora).
Enfim, é desumano. Para os mais experientes em Titanfall talvez o único desafio será se adaptar a nova velocidade dos combates e a um estilo mais agressivo. Já os iniciantes vão ter que penar.
Mas se é ruim por um lado por outro é razoavelmente justo que, um jogador que dedique mais tempo ao jogo, tenha mais recursos à disposição. O modo multiplayer mais conhecido, o Exaustão, poderia ter um matchmaking dividido por níveis para facilitar a vida de quem está começando sua vida de Piloto agora.
Conclusão
A Respawn com toda certeza conseguiu corrigir alguns erros do primeiro game e fazer com que Titanfall 2 superasse seu antecessor com uma larga folga. Maior, mais intenso e com um multiplayer refinado, o jogo não fica devendo absolutamente nada para outros jogos do gênero. Um excelente shooter que, alem de tudo, conseguiu entregar uma campanha relativamente curta mas com uma história sólida e intensa capaz de fazer frente a campanha de jogos como os da franquia Call of Duty e Battlefield.
Recentemente no Golden Joystick Awards 2016, que é um evento que premia os melhores jogos do ano através de voto popular, Titanfall 2 foi escolhido, pelos críticos, como o grande jogo do ano.
Titanfall 2 já está disponível na Microsoft Store por, acreditem… R$250,00.
