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Cronos: The New Dawn é a confirmação de que a Bloober Team pode fazer jogos de terror excepcionais

O jogo da Bloober Team é uma prova viva de que ainda existe espaço para o medo verdadeiro nos videogames.

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Parece que a Bloober Team realmente amadureceu nos últimos anos. O estúdio sempre entregou jogos competentes, mas raramente alcançava a excelência. Com Cronos: The New Dawn, no entanto, eles parecem ter encontrado sua voz definitiva dentro do survival horror. Poucos títulos desde o boom original do gênero conseguiram capturar tão bem a essência do medo e da vulnerabilidade. A atmosfera é sufocante: cada nova área, com seus cenários brutais e opressivos, me fazia segurar a respiração até o próximo encontro grotesco. O jogo nunca permite que você se sinta confortável — você está sempre limitado, frágil e em constante estado de alerta. E é exatamente isso que o torna tão irresistível.

No papel de um Viajante, o jogador tem a habilidade de transitar entre passado e futuro, atravessando duas linhas temporais igualmente perturbadoras. No passado, encontramos uma Polônia arrasada por um evento cataclísmico chamado A Mudança, que reduziu a civilização a escombros. No futuro, o cenário é ainda mais desesperador: um mundo povoado por criaturas deformadas que vagam pelas terras devastadas. Fragmentos narrativos, como anotações abandonadas e gravações de voz, ajudam a montar o quebra-cabeça da tragédia que se abateu sobre o mundo. Aos poucos, enquanto a trama central se revela, emergem também histórias íntimas e dolorosas — relatos de pequenos grupos de sobreviventes tentando resistir diante de um horror que aniquilou qualquer noção de normalidade.

Enfrentar criaturas deformadas já seria, por si só, um pesadelo suficiente — mas em Cronos: The New Dawn, o verdadeiro inimigo pode ser a sua própria mente. O Viajante, protagonista dessa descida ao abismo, é obrigado a coletar Essências de figuras marcantes do passado. Esses fragmentos de memória são instáveis, e ao mesmo tempo em que oferecem poder, também podem corroer lentamente a sanidade. É um pacto arriscado: quanto mais você acredita dominar as engrenagens do jogo, mais a loucura se insinua, distorcendo sua percepção. O terror não está apenas nas sombras – ele se infiltra na sua cabeça.

E como se isso não bastasse, cada encontro com os monstros que infestam esse mundo é uma provação. As balas nunca bastam. O inventário restrito obriga a fazer escolhas cruéis: gastar a munição agora ou preservar para o inimigo que ainda está por vir? Atacar ou fugir? Essa incerteza transforma cada corredor escuro em um campo de tensão pura. Até mesmo um único inimigo pode esmagar suas chances de sobrevivência se você não estiver preparado. É essa vulnerabilidade constante que torna Cronos tão próximo da essência mais pura do survival horror.

Mas derrubar essas abominações não significa estar a salvo. O medo real está no que vem depois: a possibilidade de vê-las se reerguerem, mais grotescas do que antes. Só o fogo é capaz de destruí-las de maneira definitiva. O lança-chamas, quando encontrado, é um alívio temporário — mas cruel em sua limitação, carregando apenas uma carga por vez. Cada disparo é uma sentença: usar agora ou guardar para o pior?

Jamais esquecerei o momento em que desci a um poço de carne viva e ossos pulsantes. Corri desesperado, tentando escapar de uma criatura, apenas para ser encurralado quando as paredes viscosas começaram a vomitar outras, uma após a outra. O espaço se estreitava, o fedor da carne impregnava o ar, e os cilindros de gás espalhados pelo chão eram ao mesmo tempo minha salvação e minha ruína. A sala se tornou uma armadilha sufocante, um pesadelo que não dava trégua.

Eu tinha balas suficientes para derrubar dois, talvez três inimigos. Mas eram seis os que vinham em disparada atrás de mim, e a porta eletrônica só se abriria quando todos estivessem mortos. Cada segundo era uma sentença. Precisava decidir: quando atirar, quando liberar a flor de fogo, quais cilindros de gás detonar para arrancar o máximo de vantagem daquele caos. Derrubei dois, sentindo um breve alívio, apenas para testemunhar o horror da regeneração. Um terceiro inimigo se arrastou até os corpos caídos e os devorou, transformando-se diante dos meus olhos em algo ainda mais monstruoso, mais poderoso, exigindo ainda mais dos recursos que eu já não tinha.

Situações assim não são exceção em Cronos: The New Dawn – elas são a regra. O jogo o mantém aprisionado em um estado contínuo de medo e vulnerabilidade. Há sempre a promessa de melhora: aumentar a velocidade de recarga, fortalecer o dano, refinar habilidades. Mas, por mais que você invista, nunca parece ser o bastante. A moeda para essas melhorias está espalhada pelo mundo, chamando sua atenção, forçando-o a planejar cada gasto como se fosse vital – e, de fato, é. A evolução do Viajante é lenta, quase cruel, e cabe a você suportar essa escalada. Alguns desistem. Outros persistem. E é justamente nesse ponto de ruptura que o jogo revela sua força.

Para muitos, essa dureza é o próprio apelo. É fácil esquecer o quão implacável o survival horror já foi, quando gerenciar recursos significava mais do que sobrevivência: era a essência do terror. Corredores sufocantes, ruas desertas que guardam emboscadas, a sensação permanente de estar despreparado. Cronos traz tudo isso de volta. A cada passo, a vulnerabilidade é palpável, e cada encontro com o inimigo é um lembrete cruel de que você não é o predador aqui, mas a presa.

Admito: houve momentos em que precisei largar o controle, respirar e voltar apenas depois de horas. Mas é justamente esse terror, essa dificuldade que beira o insuportável, que torna a experiência tão gratificante. Cronos: The New Dawn é a Bloober Team em sua melhor forma, um jogo que não apenas homenageia o survival horror clássico, mas o resgata com ideias próprias, afiadas e perturbadoras. É uma prova viva de que ainda existe espaço para o medo verdadeiro nos videogames.

Espalhadas pelos ambientes sombrios — e ao mesmo tempo hipnotizantes —, surgem oportunidades inesperadas de manipular o cenário. Pontes e passarelas podem ser movidas com um disparo certeiro, criando rotas de fuga improvisadas no meio do desespero. Essa mecânica simples, mas engenhosa, acrescenta uma camada estratégica à jogabilidade, reforçando que Cronos: The New Dawn não é apenas mais um survival horror genérico. Comparações com títulos como Dead Space são inevitáveis, mas aqui a Bloober Team prova mais uma vez sua vocação para ir além, oferecendo pequenos detalhes que se transformam em grandes soluções quando toda esperança parece prestes a se esvair.

E é justamente essa falta de esperança que define a experiência. Cronos: The New Dawn é survival horror em sua forma mais crua. Ele não permite descanso. Cada passo é pesado, cada esquina esconde um presságio, cada silêncio é preenchido pela certeza de que algo horrível o aguarda. Os monstros não apenas desafiam sua resistência, como também evoluem, tornando-se cada vez mais grotescos à medida que a narrativa avança. É uma escalada de horror em paralelo ao enredo, que se expande com uma força inesperada.

A jornada do Viajante é marcada por descobertas perturbadoras: encontrar os corpos de humanos que viveram antes do apocalipse é como encarar fantasmas de uma era perdida. O destino desses sobreviventes esquecidos ecoa no próprio protagonista, criando um reflexo sombrio entre o que já foi e o que ainda pode acontecer com ele. O combate acompanha essa dualidade: ora lhe dá a ilusão de poder lutar, ora o mergulha em completa impotência, lembrando-o de que sobreviver aqui é uma vitória rara e sempre temporária.

POSITIVO:

  • Atmosfera e ambientação excepcional
  • História envolvente e agradável
  • Survival horror de primeira linha

NEGATIVO:

  • Pode ser um tanto difícil para novatos no gênero
  • Ausência de mais ideias originais

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Gui Marques
Gui Marqueshttps://centralxbox.com.br
Redator, apaixonado por filmes de terror, HQs e música ruim. Jogador e defensor do Xbox nas horas vagas.
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