Anunciado de maneira inesperada meses atrás, Gears of War: Reloaded seria o segundo relançamento do jogo original de 2006, que já havia sido refeito e lançado em 2015 com Gears of War: Ultimate. Mas dessa vez, com um diferencial significativo; o jogo estará disponível também para os donos de PlayStation 5. De seu anúncio pra cá, a equipe da Coalition disponibilizou duas betas com conteúdo limitado do multiplayer, com crossplay entre as plataformas e não poupou no marketing. Afinal, Gears é um dos jogos que definem o que é um Xbox, um título com esse peso chegando em um console concorrente não é qualquer coisa.
Mas analisando o jogo de ponta a ponta, como um fã assíduo da franquia, foi difícil de encontrar grandes justificativas para esse lançamento que não fosse apenas fazê-lo chegar aos usuários do console da Sony. E sinceramente? Já estou convicto que essa foi a única e principal justificativa.

Falando sobre o jogo em si, beira o pleonasmo enfatizar tudo o que há de bom. Estamos falando de um dos melhores jogos da geração do Xbox 360 e que, basicamente, só ganhou uma carinha rejuvenescida em 2014. A versão do Reloaded é objetivamente a mesma que a versão de 2015, com diferenças suaves na resolução, taxa de frames e crossplay.
Se é o mesmo jogo de 2015, então se imagina que eles corrigiram alguns dos problemas da versão Ultimate, certo? Pois bem, não aconteceu. O Reloaded mantém os mesmos problemas bobos de suas outras duas versões, como uma inteligência artificial datada e irritante em muitas das vezes (me desculpe Dom, mas você me estressa demais), pequenos engasgos nas cutscenes e a censura descabida se comparada com o exagero sanguíneo que havia na versão original de 2006. Problemas de áudio também são levemente notáveis.
Algo curioso é que se estamos falando que, objetivamente, Reloaded e Ultimate são o mesmo jogo, então por qual motivo o Reloaded não está disponível para Xbox One? Bem, essa é uma das inúmeras decisões da Microsoft que eu sinceramente não entendo.
Por outro lado, a taxa de frames travada em 60 quadros por segundo traz uma maior fluidez ao jogo, que requer bastante movimentação e reflexos durante os combates. E já que agora temos a companhia dos jogadores do PlayStation e Windows, o multiplayer deverá se manter por muito mais tempo que a versão Ultimate, que ainda está ativa, mas já faz alguns anos que é um martírio encontrar partidas por lá.

Falando sobre o multiplayer, aqui temos um respiro divino para aqueles que já estavam um pouco cansados do que Gears havia se tornado no quarto e quinto jogo. E não me entendam mal, ambos contém um modo multiplayer excelente e com bastante conteúdo, abraçando de vez o mercado de E-Sports. Mas como qualquer fã que cresceu jogando a franquia, é natural que se sinta saudade da simplicidade e daquele gostinho de nostalgia dos dois primeiros jogos. E tudo isso se mantém em Reloaded. Ah, e aqui podemos habilitar crossplay somente entre Xbox e PlayStation, finalmente estamos livres de hackers e das vantagens de teclado e mouse proporcionam ao jogador de PC.
Com uma taxa de quadros fixa e mais fluida, com o acréscimo do crossplay, aquela mesma experiência que tínhamos em 2006 e 2015 ganham um tempero extra que é absolutamente fascinante. Durante os meus testes, não houve problemas de conexão, lag ou tempo de resposta, tudo pareceu extremamente bem polido. E já consigo me ver gastando boas dezenas de horas novamente aqui.

No fim das contas, Gears of War: Reloaded se mostra um relançamento injustificável, principalmente para os donos de Xbox e/ou assinantes do Game Pass. As suas novidades poderiam ser coisas implementadas através de um patch para a versão Ultimate. E mesmo que haja a justificativa de lançar para mais jogadores, poderiam ter feito o mesmo que Forza Horizon 5, um jogo de 2021, que simplesmente lançou no PlayStation e atualizou a versão do Game Pass para uma mais completa e parruda.
Entretanto, é preciso ser justo com boas ações da Coalition e Microsoft que disponibilizaram os códigos gratuitamente para todos aqueles que já tinham versão Ultimate comprada na conta. E também forneceu para quem jogou somente na versão física. Em tempos onde as empresas se mostram cada vez mais gananciosas com uma série de relançamentos inapropriados, atitudes como essas devem ser reconhecidas.
E uma coisa curiosa e um tanto cômica é que agora teremos o mesmo jogo em três versões dentro do Game Pass. Afinal, eles precisam manter a política de não remover jogos first party do serviço, não é mesmo?
Por sorte, ainda estamos falando de um excelente jogo de tiro e ação em terceira pessoa, um dos jogos mais influentes e revolucionários de sua geração. Mas tudo isso são elogios ao jogo original e sua versão Ultimate, o Reloaded por si só não agrega em muita coisa, mas por sorte também não subtrai. Essa versão será uma excelente porta de entrada para aqueles que nunca tiveram contato com a franquia e a maneira perfeita de apresentá-la ao público do PlayStation, mas se você já é um veterano como eu, busque a sua conquista do modo insano e vá dar as boas vindas aos novos recrutas do multiplayer. Se aqueçam e se preparem para o E-Day.

POSITIVOS e NEGATIVOS
POSITIVO:
- Crossplay
- 4K e 60fps
- Segue sendo um excelente jogo de ação
- Personagens incríveis
- Ambientação e sonoplastia
NEGATIVO:
- Inteligência artificial datada e problemática
- Engasgos durante cutscenes
- Pequenos bugs sonoros
Gears of War: Reloaded está disponível por R$ 199,00 na Microsoft Store e PSN. O jogo também está disponível no catálogo do Game Pass.